Bete Godoy
Este material foi
produzido a partir dos encontros de formação no CEI Vila Flavia em São Mateus e teve como
foco de estudo:
§ Compreender o papel do
adulto no estímulo às interações.
§ A organização de ambientes seguros e desafiadores para
as crianças do berçário.
§ O que é o movimento?
§ A vida, o corpo e o
movimento na constituição do sujeito.
§ As competências motoras
e sua relação com o biológico e social.
A proposta feita para as
professoras Juliana, Célia e Luciene após estudo, planejamento e realização da
atividade foi a apreciação
e análise do vídeo e das fotos do seu próprio trabalho.
A qualidade da filmagem
estava um tanto comprometida para edição final, então, como roteiro de trabalho foi
solicitado que selecionassem algumas fotos tendo como proposta o olhar para as
seguintes palavras que estão intimamente ligadas ao corpo e movimento:
- Desafio
- Equilíbrio
- Segurança
- Curiosidade
- Características
individuais
- Interações
- Experiência
Em que momento da atividade é
possível encontrar estas palavras nas ações das crianças?
Escolham três ou mais palavras para
acrescentar. Em que momento do trabalho elas aparecem?
Qual a comunicação entre a
fotografia e o movimento? É possível ver movimento numa imagem fotográfica?
Pense numa imagem, som ou em uma
expressão corporal que para você “represente” a vida, o corpo e o movimento.
Qual intervenção vocês farão numa
próxima atividade como esta, pensando em desafios motores e os demais sentidos?
Todo este trabalho foi documentado,
visando o oferecimento de uma rica oportunidade de pensar, intervir e
avançar nos conhecimentos que professores já sabem a respeito do
movimento.
Durante os momentos de estudo, pesquisa
e conversa com professores a escuta atenta do formador não teve
a intenção de procurar imperfeições nas práticas, mas sim de ouvir aquilo em
que pensam, que revelam, sentem e o modo como compreendem a vida, as
relações, o mundo, os fazeres, os sentimentos...tudo isso é movimento.
Se para a criança é importante
sentir-se segura com o adulto experiente que dela cuida, para o professor
também é importante ver e saber que o formador é alguém que acredita no
seu potencial, que tem orgulho dos seus avanços e é antes tudo um parceiro que
reconhece que o seu sucesso como formador se reflete na disposição do professor
e da sua dedicação e compromisso em querer aprender sempre.
Um pouquinho do
muito que estudamos:
O corpo em movimento
Desde o
nascimento, o indivíduo se depara com os problemas gerados pelo mundo que o
cerca. E, a partir das experiências, ele se relaciona com o mundo das coisas e
o mundo das pessoas por meio do seu corpo, que se transforma no elo que permite
a ligação do ser humano com o meio que o circunda.
Cada ser humano é único possui
seu peculiar esquema de desenvolvimento, isso define sua individualidade. Nasce
dotado de características próprias que determinam sua maneira de ser, de agir e
de pensar. Tudo o que faz para conhecer, para se relacionar, para aprender, o
faz pelo corpo. Suas primeiras experiências vividas são essencialmente
corporais, tatuando marcas em seu inconsciente corporal. O corpo é o primeiro
objeto que a criança percebe por meio de suas satisfações, de suas dores, das
sensações visuais e auditivas. É o seu meio de ação para conhecer o mundo a sua
volta. Podemos dizer que o recém- nascido já acumula experiências que se tornam
alicerces do seu desenvolvimento. Ele interage com o meio ambiente numa
dinâmica ação corporal. Aqueles que cuidam da criança devem compreender seus
esquemas de crescimento, respeitar os princípios da sua evolução, entender os
fatores que determinam cada fase da sua vida infantil.
Não temos mais aquela idéia
de que as capacidades que demonstramos ao nascer determinam nossas
possibilidades de ser, pois agora sabemos que as nossas experiências vividas ao
longo dos anos podem ampliar as nossas “janelas de aprendizagens”
(Gardner,1999).
Necessitamos ver a criança
de forma integral, porém sabemos que dificilmente conseguiremos reconhecer
todas as potencialidades que a criança possui apenas estando diante de suas
expressões, pois o seu potencial de ação depende das oportunidades de
experiências que ela poderá vivenciar. Isso significa que não podemos ignorar
as influências que o meio ambiente tem no crescimento da criança, as diferentes
possibilidades de relacionamento com o outro e as ricas vivências que ela pode
experimentar.
A chave dessa exploração
se dá pelo movimento. E por essa razão devemos oferecer uma grande variedade de
movimentos, para que seu corpo possa experimentar ações diferentes das
habituais que a criança executa. Dominar o seu corpo e conhecê-lo pode trazer
melhor relacionamento. Seu corpo é instrumento de ação. Não é preciso ter o
corpo mais bonito ou mais forte, nem mesmo ser o mais veloz ou o mais
resistente, mas sim, possuir uma grande variedade de movimentos, inúmeros
gestos como forma de expressão até dos seus sentimentos. O conhecimento do
próprio corpo se faz desde as primeiras descobertas que ocorrem na interação da
criança com o ambiente por meio de seus movimentos.
O ser humano se
desenvolve sempre experimentando e, assim, se aprimora e se aperfeiçoa. Para
Sergio (1986), o homem está sempre tentando passar do reino das necessidades
para o reino da liberdade. Ele precisa agir para superar-se.
A corporeidade da
criança em sua existência via motricidade, deve ser intensamente estimulada na
direção do se conhecer mais, isso trará resultados no futuro, podendo, com
isto, viver melhor.
Como o professor pode
intervir para promover avanços nas aprendizagens ligadas ao movimento?
Encorajar as crianças a
explorar suas potencialidades de movimento, ao invés de fixar os “jeitos
corretos”, é o grande desafio de uma educação física que conhece o
desenvolvimento motor. Isso não quer dizer que o professor não deva fornecer
informações às crianças sobre os caminhos para encontrar melhores soluções,
demonstrar movimentos que ele conhece ou chamar a atenção da criança para a
maneira como um colega resolveu aquele desafio.
Se a criança está
tentando aprender a virar uma cambalhota, o educador pode sugerir:
- Que tal você experimentar colocar o seu
queixo no peito e abaixar bem a cabeça? Observe os objetos que rolam. E se você
tentar enrolar o corpo como uma bola, será que não é mais fácil? Você está
usando os braços?
São questões que o
educador pode colocar ao aluno para que ele encontre uma relativa consistência
na aprendizagem deste movimento.
O educador também pode
propor uma série de situações de exploração e descoberta deste movimento,
instruindo:
- Que tal virar
cambalhota em um plano inclinado, como um declive de grama presente no parque?
Que outras formas nosso
corpo tem para rolar?
Oferecer inexploradas
possibilidades:
-Podemos experimentar
rolar com um amigo? Rolar carregando uma bola macia?
O professor precisa
também ter uma possibilidade corporal para se envolver no processo
ensino-aprendizagem, precisa resgatar em sua própria vida o prazer pelo
movimento.
AGRADECIMENTOS:
Professoras:
Juliana Terumi Hokama
Célia Moura de Andrade e
Luciene M. dos Santos Barbosa
Diretora: Sebastiana P.
Santos Sousa
Coordenadora Pedagógica:
Maria Elisa Diogo dos Penedos
Assistente
Administrativo: Regiane Ap. Ramos
Um trabalho realizado
por Bete Godoy, Patricia Rocha e Maria Elisa
Bibliografia deste
artigo
-Nista-Piccolo,
Vilma Leni e Moreira,
Wagner Wey. O corpo em movimento da educação infantil. Editora Cortez.
-Artigo:
Identidade e Autonomia. Revista Nova Escola.
-Artigo: A criança e o movimento de Isabel
Porto Figueiras- Revista
Avisa lá, nº 11
Revisão do texto: Quitéria Campanaro
Revisão do texto: Quitéria Campanaro