quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sequência didática de artes na creche

Por Lina Asano Silva Ferreira
De uma simples curiosidade a uma sequência didática cheia de aprendizagens e surpresa
A partir da curiosidade das crianças nos pingentes de dragões que eu uso, nasceu uma sequência didática inspirada nesse animal mitológico e milenar que é usado na sua grande maioria como artigo de decoração. Para os chineses ele representa harmonia e prosperidade, para mim sendo descendente de japoneses significa força, proteção e determinação. Utilizando uma história do grupo XPTO “Utopia Terra de Dragões”, resolvi adaptá-la para as crianças, nesta adaptação trabalhei os cinco dragões: Dragão da Água, Dragão dos Espelhos, Dragão do Metal, Dragão do Som e por fim o Dragão do Fogo.


Simbolicamente cada dragão foi entrelaçado aos temas: meio ambiente, egoísmo, violência, barulho excessivo, (poluição sonora), a harmonia e a vida. Discutimos cada tema através de rodas de conversas, utilizamos recortes e colagens, desenhos, músicas, filmes para representá-los e assim proporcionar às crianças uma melhor identificação e apropriação dos dragões em suas representações. Também fizemos uso de brincadeiras como caça ao dragão, sala dos espelhos e por fim cada criança pintou o seu próprio dragão em gesso.
Encerramos a sequência organizando uma exposição interna com todos os trabalhos realizados. E submetemos à apreciação das crianças, funcionários e demais freqüentadores do C.E.I.
Pintura dos dragões





Procedimentos para guardar o material utilizado





Secagem da pintura






Recorte e colagem







Visita do BII a sala dos espelhos
Sala dos espelhos

Poluição e sujeira

Lixo no lixo



Exposição na sala

Exposição na unidade

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ARTES VISUAIS NA CRECHE

Maria Cristina dos Santos

“A inteireza, a certeza, a densidade do momento de criação estão presentes no adulto que cria e na criança que brinca. É visível a concentração, o corpo inteiro presente no ato de brincar de uma criança. È a sensação de estar inteiro no que está realizando o que une o artista à criança. A criança brinca porque não poderia ser de outra forma. Por isso desenha, por isso cria.”
Ana Angélica Albano Moreira
Toda criança desenha. Pode ser com lápis e papel ou com caco de tijolo na parede

A criança pequena desenha pelo prazer do gesto, pelo prazer de produzir uma marca. É um jogo de exercício que a criança repete muitas vezes para certificar-se do seu domínio sobre o movimento.Vem daí a importância que na educação infantil garanta na sua rotina como atividade permanente: desenhar, pintar, recortar e colar e de esculturas, pois a criança tem um tempo para se apropriar para se certificar –se do seu domínio sobre o movimento.
Um fato pode ser comprovado pelo número de revista com “atividades”.
Sinto que os professores têm necessidade de trazer para crianças sempre novas propostas, porém a criança não tem tempo para se apropriar, ela sempre estará experimentando, ou “explorando” como ouço de muitos professores.

O desenho da criança para ela uma linguagem como o gesto ou a fala.

Algumas dicas:
  • O desenho é a primeira escrita da criança, exatamente por isso o educador deve respeitar.
  • Como diria uma grande amiga às discussões sobre o “belo” estão superadas. A beleza está no olhar de quem vê, por isso não faça não interferência na produção da criança depois de concluída.
  • Não escreva o nome da criança sob o desenho ou a pintura, escreva atrás pequeno para que depois possa identificar. Isto é um sinal de respeito a sua produção;
  • Apresentar produções de crianças de diferentes faixas etárias



MGB
  • Disponibilizar diversos materiais (pincéis, tintas, lápis, giz de cera, papéis).




  • Roda de apreciação




  • Expor obras de artistas para que ela comece a estabelecer uma relação com o que faz e a produção do mundo adulto
Miró


Portinari





A ação do educador
  • Orienta a criação, participando do processo com interferências pontuais, e observa no trabalho pronto as singularidades da produção e a familiaridade com o universo da arte. Quanto menor a autonomia da turma, maior a participação do professor no direcionamento das tarefas.
Roda de apreciação


  • Instigar a criança a pensar sobre sua própria produção e a dos amigos;
  1. Apresentar a produção e nomear quem fez;
  2. Quando apresentar a obra de artista dar informações sobre as imagens sem se antecipar às colocações da garotada – esse é o momento de pensar e sentir.
  3. Questionar :
  • O que eles estão vendo;
  • Quais formas foram utilizadas
  • Chamar atenção para forma de utilização dos espaços;
  • O que é diferente nas produções;
  • O que é parecido
Percurso criativo
  • È importante datar a produção das crianças;
  • Retomar de tempos em tempos;
  • Rever antigas produções das próprias crianças;
  • Expor a produção na sala;
  • Valorizar a produção da criança sem intervir na mesma;
Alguns equívocos correntes:

  • Questionar o que a criança desenhou e escrever sob o desenho.
    O desenho da criança nesta fase, não tem compromisso com representação de qualquer espécie. A Criança poderá até nomear seu desenho se o adulto insistir em saber o que é, contudo para ela é apenas um movimento. Se depois de algum tempo perguntar novamente ela com certeza nomear algo diferente.
  • Insistir em ensinar o nome das coresNesta fase interessa pela cor. A cor aparece por acaso e não por necessidade, é a cor que estava próxima da criança enquanto desenhava, porém é importante que o educador apresente opções para a criança. E quando ela perguntar ou dizer o nome da cor é importante que diga o nome correto.
  • Minha criança não desenha nada !Os rabiscos realizados pelos menores, denominados garatujas, tiveram o sentido ampliado sob o olhar da pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg
  • O desenho é espontâneo ou inato?A história e a evolução de diferentes percursos artísticos indicam que está atividade é aprendida, que envolve ações, reflexões e pesquisas que influenciam os caminhos desta aprendizagem.
Para saber mais:


Centro de Educação Infantil Jardim Rodolfo Pirani.
Rua Cinira Polônio, 20 – Jardim Rodolfo Pirani – S.Paulo – SP – Tel 011 -27514896
Biografia
  1. O espaço do desenho: A educação do educador, Ana angélica Albano Moreira, 128 pág., Edições Loyola
  2. Para Gostar de Aprender Arte, Rosa Iavelberg, 128 págs., Ed. Artmed
  3. Formas de Pensar o Desenho, Edith Derdyk. Editora Scipione
  4. O Desenho da Figura Humana, Edith Derdyk. Editora Scipione